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O decepcionante Besouro Verde

02/03/2011

Mesmo quem não era familiarizado com a série de rádio “O Besouro Verde” deve ter criado boas expectativas para o filme que ela originou. Dirigido pelo inventivo Michel Gondry, do cultuado “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças”, e roteirizado por Seth Rogen e Evan Goldberg, cuja parceria rendeu a hilária comédia “Superbad”, o filme em cartaz no Brasil desde sexta-feira passada parecia uma rajada de ar fresco no gênero dos super-heróis. Conciliando ação e comédia numa trama que flerta com o absurdo, “O Besouro Verde” prometia ser uma sátira esperta a um tipo de história que ganha contornos cada vez mais sérios, sombrios e pretensiosos no cinema.

O elenco era um capítulo à parte: o próprio Rogen assumiria o papel principal, com sua grosseria e fanfarrice costumeiras, e a barriga de chopp mais assentada pela ocasião; Cameron Diaz foi escalada como par romântico e Christoph Waltz, o icônico Coronel Hans Landa de “Bastardos Inglórios”, como o vilão. Na trama, Rogen faz um bilionário e herdeiro de um império das publicações que, com todos os recursos na mão e os adereços certos, passa a atuar como um herói do submundo. A imprensa, contudo, o confunde com um criminoso, rumor que Rogen se esforça para estimular (ele procura atenuar a linha entre o bem e o mal para se diferenciar dos personagens dos quadrinhos que cresceu admirando).

Os indícios de que a combinação era boa demais para ser verdade vieram com a recepção fria da crítica americana e uma bilheteria aquém do esperado. Nos cinemas brasileiros, o resultado não foi muito melhor: as sessões do IMAX, por exemplo, têm custado a lotar, marcando a única ocasião em que esse redator encontrou a sala quase vazia num final de semana. Tampouco parece ser o tipo de filme que potencializa o desempenho através do boca a boca. Em parte porque é mesmo irregular, com ritmo desigual e clímax bagunçado. Em parte porque desperdiça oportunidades boas demais para não serem exploradas – Waltz, por exemplo, não tem as deixas adequadas, e Diaz surge deslocada num papel que caberia a uma atriz mais jovem e menos conhecida. O melhor personagem cabe ao taiwanês Jay Chou, o inventor genial que mune o protagonista com as bugigangas e serve de parceiro no crime. A quem não fizer esforço para acompanhar o enredo rasteiro e desligar o cérebro pelas duas (excessivas) horas de projeção, “O Besouro Verde” pode até soar como boa diversão.

.:. O Besouro Verde (The Green Hornet, Estados Unidos, 2011, Comédia de Ação). Cotação: B-

3 Comentários leave one →
  1. 02/03/2011 7:49 pm

    Na sessão em que assisti ao filme, no dia da estreia nacional, só havia uma outra pessoa na sala comigo. E o filme não merece mais do que isso mesmo. Totalmente descartável, mal escrito e com atuações do ruim (Rogen) ao medíocre (os outros), além de uma direção absolutamente sem personalidade (se me disserem que Gondry deixou a tarefa nas mãos dos assistentes de direção e ficou em casa dormindo, eu acredito).

  2. 03/03/2011 12:32 am

    O problema de “Besouro Verde” é que ele força tanto a barra para ser cool que enche o saco….

  3. 06/03/2011 4:22 pm

    Eu ainda não assisti, mas pensei que a repercursão do filme seria muito maior.

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